Maria Irismar Morais, primeira paciente que usou o capacete Elmo, completa um ano de alta hospitalar nesta sexta-feira (16) com plena função pulmonar, conforme avaliação do superintendente da ESP/CE, Marcelo Alcantara
Em meados de julho de 2020, a esperança por dias melhores a partir de um tratamento que evitasse a intubação por insuficiência respiratória provocada pela Covid-19 atendia por nome e sobrenome. A aposentada Maria Irismar Morais, de 71 anos, foi a primeira paciente a se recuperar da doença após utilizar o capacete Elmo, desenvolvido por pesquisadores cearenses em força-tarefa público-privada. Nesta sexta (16), exatamente um ano após a alta hospitalar, Irismar, que reside em Jaguaribe, no interior do Ceará, relembra os momentos de recuperação quando estava numa situação limítrofe do quadro de saúde, com 70% de comprometimento dos pulmões. “Nunca mais tive falta de ar. O Elmo é pra mim uma luz que acendeu no fim do túnel. Quando eu vi o capacete, eu tive a certeza de que me recuperaria“, conta.
Nesta semana, a aposentada foi avaliada pelo superintendente da Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP/CE), o médico Marcelo Alcantara. Segundo ele, que é pneumologista e intensivista e um dos idealizadores do dispositivo, a paciente segue com plena função pulmonar. “A dona Maria Irismar está muito bem, com a capacidade pulmonar dentro da normalidade. Está muito satisfeita, mostrando que é possível se recuperar da Covid-19 e que o Elmo é uma ferramenta que pode colaborar decisivamente nesse processo”, pontua.
Maria Irismar recebeu a Elmoterapia, como é chamado o tratamento com o dispositivo de respiração assistida não invasivo, durante a fase de testes clínicos, feita em dez pacientes internados Hospital Estadual Leonardo Da Vinci (Helv), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) administrada pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH).
O uso do capacete Elmo durante a fase de testes clínicos no Hospital Estadual Leonardo Da Vinci recuperou Maria Irismar do quadro grave de Covid-19, quando ela tinha 70% dos pulmões comprometidos
Com piora gradativa até o quinto dia, ela permaneceu quase duas semanas internada. A situação só mudou quando chegou ao leito dela a equipe responsável pelos testes clínicos do equipamento. A fisioterapeuta Betina Santos, que acompanhou a terapia, lembra a esperança que a aposentada depositou durante a fase experimental. “Ela acreditou firmemente que iria dar certo. Podia até estar com uma pulguinha atrás da orelha, mas demonstrava que queria melhorar naquele momento”, rememora.
Um dos requisitos exigidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para autorizar a produção do capacete Elmo em escala industrial, os testes em pacientes desenvolvidos no Helv entre junho e outubro do ano passado evidenciaram a eficácia do aparelho. Das pessoas tratadas para fins da pesquisa, 60% delas se beneficiaram e não precisaram ser intubadas. O grupo era composto por homens e mulheres de 37 a 76 anos, todos com comorbidades.
Mais de três mil pacientes beneficiados
Presente em quase todo o Brasil, o capacete Elmo já tratou mais de três mil cearenses na rede pública estadual nos primeiros seis meses de uso. Por se tratar de uma tecnologia nova, a capacitação profissional para manejo clínico do capacete Elmo é essencial para que a terapia seja aplicada conforme a indicação correta e uso adequado por uma equipe devidamente treinada.
Desde dezembro, a ESP/CE treinou diretamente mais de 1.200 profissionais de saúde, entre médicos, enfermeiros e fisioterapeutas, além de engenheiros clínicos. As capacitações ocorrem na modalidade presencial no Centro de Simulação Realística da Escola.
Para atender à demanda de capacitações de outros estados, o Centro de Desenvolvimento Educacional em Saúde da ESP/CE promove o treinamento de habilidades do dispositivo à distância, com suporte online. As instruções para o manejo clínico são repassadas em tempo real, com espaço para interação dos profissionais treinados.
Força-tarefa
O capacete Elmo foi desenvolvido graças à união do Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Saúde do Estado, ESP/CE e Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai/Ceará), Universidade Federal do Ceará (UFC) e Universidade de Fortaleza (Unifor), com o apoio do ISGH e Esmaltec.
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