O capacete Elmo recebeu, nessa sexta-feira (25) – Data Magna do Ceará -, a Medalha da Abolição, maior honraria do estado do cearense. A comenda foi entregue pelo governador Camilo Santana, em solenidade realizada no Palácio da Abolição, em Fortaleza, e reconheceu o importante papel do equipamento de respiração assistida na luta para salvar vidas ao longo da pandemia de covid-19.
Cientistas, profissionais de saúde e instituições públicas e privadas que contribuíram para o desenvolvimento do dispositivo estiveram presentes na cerimônia. O grupo foi representado no palco do evento por Marcelo Alcantara Holanda, médico pneumointensivista idealizador do Elmo e superintendente da Escola de Saúde Pública do Ceará Paulo Marcelo Martins Rodrigues (ESP/CE), autarquia vinculada à Secretaria da Saúde do Estado (Sesa).
Grupo de pesquisadores responsável pela criação do Elmo foi representado pelo superintendente da ESP/CE e idealizador do capacete, Marcelo Alcantara
Ao receber a Medalha, Alcantara falou sobre a relevância do equipamento para os cearenses e para a Ciência. “A matéria-prima do Elmo é a solidariedade. É um elemento terno, forte, profundo da condição humana, que surge nas horas mais escuras e vira luz. Em honra aos mortos pela covid havemos de lutar, manter a esperança e buscar a felicidade”, pontuou o médico, afirmando que o Elmo traz um novo modelo de inovação.
Para o governador Camilo Santana, o projeto é um exemplo da capacidade inventiva, participativa e humana que o cearense forjou ao longo de uma trajetória de superação de desafios. “Foi através da inovação, da congregação de esforços do poder público, iniciativa privada e academia, que o Elmo deixou de ser uma ideia e passou a salvar vidas. É motivo de orgulho saber que o capacete está difundido pelo Brasil, que nossas competentes equipes de saúde capacitam seus colegas de outros estados, que não só os cearenses usufruem dos benefícios gerados a partir de nossas mentes brilhantes e braços aguerridos e fraternos”, destacou o chefe do Executivo estadual.
Chefe do Executivo estadual classificou o Elmo como exemplo da capacidade inventiva do cearense
Quem também compareceu à solenidade foi o titular da Sesa, Marcos Gadelha. Na avaliação do gestor, a intersetorialidade da força-tarefa Elmo foi e é fundamental para o ecossistema da inovação em saúde no Estado. “A gente tem que pegar esse projeto como uma oportunidade, um exemplo para, daqui pra frente, trabalhar nesse formato, continuar inovando na saúde, em parceria com setores que detém conhecimentos não presentes na rotina de quem trabalha na Saúde”, disse Gadelha.
Inovação genuinamente cearense
O capacete Elmo foi idealizado em abril de 2020 e surgiu como um novo passo para o tratamento da covid-19. Em menos de um ano, o dispositivo foi desenvolvido, testado, patenteado e aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Com propriedade de reduzir em até 60% a necessidade de internações em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), o equipamento evitou várias intubações.
Segundo estimativas do grupo desenvolvedor, foram mais de 40 mil pacientes beneficiados Brasil afora. Idário Pascoal foi um deles. Colaborador da Casa Civil do Governo do Ceará, ele se emocionou ao lembrar do suporte que teve do capacete. “O Elmo representa tudo na minha vida. Ele me livrou de duas intubações. Fiquei 10 dias com ele 100% e não desisti hora nenhuma. Sempre muito motivado e acreditando só nele. Se eu cheguei até aqui é por causa do equipamento. E, hoje, eu tive a honra de fazer a cerimônia de premiação da equipe que o criou”.
O Elmo é uma iniciativa conjunta entre Governo do Estado do Ceará, por meio da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), da Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP) e da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap); Universidade de Fortaleza (Unifor), Universidade Federal do Ceará (UFC); e Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), por meio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai/Ceará). O capacete Elmo também conta com o apoio da Esmaltec e Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH).
Dezenove pesquisadores representaram a força-tarefa Elmo, que é composta por instituições públicas e privadas
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Medalha da Abolição
Além do Elmo, tiveram as trajetórias e contribuições reconhecidas pela Medalha da Abolição: Maria do Perpétuo Socorro França Pinto, ex-procuradora-geral de Justiça do Ceará e titular da Secretaria de Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos; Espedito Seleiro (Espedito Veloso de Carvalho), artesão e Mestre da Cultura do Ceará; Maria Nailde Pinheiro Nogueira, desembargadora e presidente do Tribunal de Justiça do Ceará; Tom Cavalcante (Antônio José Rodrigues Cavalcante), humorista, ator, apresentador, radialista e dublador; Preto Zezé (Francisco José Pereira de Lima), presidente da Central Única das Favelas, empreendedor, produtor cultural e musical; Amandinha (Amanda Lyssa de Oliveira Crisóstomo), jogadora de futsal, tricampeã mundial com a Seleção Brasileira de Futebol e eleita oito vezes a melhor do mundo na modalidade; Cid Ferreira Gomes, senador da República, governador do Ceará por oito anos e ministro da Educação no governo Dilma Rousseff; e José Ricardo Montenegro Cavalcante, industrial cearense há 34 anos e presidente da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec).
Instituída em 1963, a honraria reconhece o trabalho relevante de brasileiros para o estado do Ceará ou para o Brasil. A escolha é feita por uma comissão que avalia o conjunto de nomes e resolve conceder, dentre esses, a medalha para aqueles que mais se destacaram.
Marco da liberdade
Em 25 de março de 1884, o Ceará foi a província brasileira a libertar a população negra escravizada. Francisco José do Nascimento, o corajoso pescador e marinheiro conhecido como Chico da Matilde, afirmou que a partir daquela data não se embarcavam mais escravos nos portos do Estado. Uma ação pioneira, realizada quatro anos antes da Lei Áurea, que declarou a Abolição para todo o Brasil em 13 de maio de 1888. O que deu ao Ceará o título de Terra da Luz.
Assim, 25 de março é celebrado hoje como a Data Magna do Ceará, instituída como feriado estadual no dia 6 de dezembro de 2011.
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