Instrutoras da ESP/CE vão a Manaus capacitar profissionais de saúde para uso do capacete Elmo

Repórter: Jackson de Moura | Fotos: Daniel Araújo e Jackson de Moura

A fisioterapeuta Ingrid Sá em um dos treinamentos realizados pela ESP/CE; 180 profissionais de saúde no Ceará já foram capacitados para uso do Elmo em hospitais da rede pública estadual. FOTO: Daniel Araújo

A Escola de Saúde Pública do Ceará Paulo Marcelo Martins Rodrigues (ESP/CE), vinculada à Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), será responsável pelo treinamento de profissionais de saúde de Manaus para uso do capacete Elmo em pacientes com insuficiência respiratória acometidos pela Covid-19. O equipamento é um mecanismo de respiração artificial não invasivo que pode reduzir em 60% a necessidade de intubação e internação em leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).

No próximo domingo (31), três instrutoras cearenses embarcam para a capital do Amazonas para realizar as capacitações. A missão dos cearenses tem o apoio da Secretaria Municipal da Saúde de Manaus, que é responsável pelo transporte, hospedagem e logística das capacitações.

Uma enfermeira e duas fisioterapeutas que já receberam a primeira dose da vacina contra a Covid-19 vão passar cinco dias em Manaus realizando a instrução. “A gente vai contribuir com mais um recurso, que é o Elmo, para enfrentar a pandemia e salvar vidas”, afirma a fisioterapeuta Ingrid Sá, uma das instrutoras da ESP/CE, sobre a iniciativa.

A meta é capacitar, pelo menos, 30 profissionais da linha de frente da Covid-19 selecionados pela própria Secretaria da Saúde da capital do Amazonas, entre médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e engenheiros clínicos dos principais hospitais públicos locais que recebem pacientes com a doença. O treinamento, que será realizado num local fora do ambiente hospitalar, é requisito para que o Elmo integre o tratamento da infecção em unidades de saúde.

“Como enfermeira e defensora do SUS [Sistema Único de Saúde], é uma honra fazer parte dessa missão. Nós estamos preocupados com a situação de Manaus e agora vamos levar um legado nosso, que é o capacete Elmo, fruto de pesquisa, de profissionais que acreditam na ciência e defendem o SUS. O dispositivo poderá reverter a situação dos pacientes e conseguir desfechos favoráveis para a população de Manaus”, destaca Rebeca Bandeira, enfermeira que participará da capacitação.

Metodologia

A formação será realizada em Manaus a partir de segunda, 1º de fevereiro. O processo é semelhante ao que está sendo desenvolvido no Ceará desde dezembro de 2020. Haverá discussão de conteúdo teórico sobre o uso do dispositivo, além da experiência com o manejo do equipamento, que envolve a montagem, utilização no paciente, desmontagem e desinfecção do Elmo. Cerca de 180 profissionais de saúde já foram treinados no Ceará.


A enfermeira Rebeca Bandeira e a fisioterapeuta Ingrid Sá iniciam, em Manaus, capacitação do uso do capacete Elmo a partir de segunda, 1º de fevereiro. FOTO: Jackson de Moura

A capacitação é presencial por causa da metodologia adotada. “Todo o ambiente simulado em Manaus será feito conforme realizamos nas capacitações aqui no Ceará. Em termos de aspectos educacionais, a metodologia da simulação realística e do treinamento de habilidades têm etapas para serem cumpridas. Os profissionais (que vão receber a instrução) vão colocar em prática e serem avaliados por esta prática, tratando de maneira instantânea as melhorias para o desenvolvimento da habilidade de manejo do Elmo”, explica o gerente do Centro de Simulação Realística da ESP/CE, Rafael Dantas.

Funcionamento e benefícios do Elmo

Utilizando um mecanismo de respiração artificial não invasivo, o capacete pode ser aplicado em pacientes considerados de baixa e média complexidade, e pode reduzir em até 60% a necessidade de intubação, evitando também a internação em uma UTI.

O dispositivo possui três ramos, um de entrada de oxigênio, de inspiração, e outro de saída de gás carbônico, de expiração. O terceiro ramo é destinado para a medicação e/ou alimentação do paciente durante o tratamento hospitalar. O fluxo de oxigênio entra no capacete por meio de uma válvula que abastece uma jarra de umidificação de ar. Este umidificador joga o fluxo de oxigênio para dentro do capacete, passando neste momento por uma filtragem. O Elmo tem internamente uma pressão positiva, que induz o fluxo de ar para dentro do paciente.


Cerca de 180 profissionais de saúde já foram treinados no Ceará. FOTO: Jackson de Moura

Quando o paciente solta o ar de volta, ele vem com gás carbônico contaminado. Para evitar a infecção da equipe de médicos, enfermeiros e fisioterapeutas, o ar é filtrado ao sair pelo ramo de expiração.

Além desses três eixos, o capacete Elmo tem uma membrana responsável por garantir a vedação no pescoço do paciente, com cinco tamanhos diferentes, adaptável ao peso e à altura do usuário. Essa membrana é importante para evitar o vazamento de ar contaminado, protegendo, assim, a equipe de profissionais de saúde.

Força-tarefa

O projeto Elmo foi idealizado e desenvolvido pelo Governo do Ceará, por meio da Sesa, ESP/CE e Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap). A Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai/Ceará), as universidades Federal do Ceará (UFC) e de Fortaleza (Unifor) também participaram da iniciativa, que contou com o apoio do Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH) e da Esmaltec.

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Postado em

1 de fevereiro de 2021

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